Adriano vem aí

Depois da incrível demonstração de falta de pontaria do ataque na noite de ontem, vem hoje a notícia, que ainda carece de um anúncio mais oficial: a chegada de Adriano já está definida. Segundo o presidente em exercício, Delair Dumbrosck, já foi acertado um patrocinador que bancará a maior parte dos salários do atacante. Ao contrário do que o Corinthians fez com Ronaldo, no entanto, este parceiro não estampará sua marca na camisa do Flamengo - o jeito de associar a empresa ao atacante será outro, que a gente ainda vai descobrir qual. E, assim, não ficaria comprometida a receita que o clube pode conseguir com o espaço em seu uniforme.

Reparem que, mesmo com todo o amor e vontade absurda de Adriano de levar uma vida simples e jogar no Flamengo, foi necessário arrumar uma empresa pra pagar um enorme salário para que o acordo pudesse ser fechado. É isso: amor à camisa não enche carteira de ninguém, e ninguém mais faz nada no futebol de hoje sem a carteira cheia.

Por conta principalmente disso, nunca consegui ver com bons olhos a possibilidade de Adriano jogar no Flamengo este ano. Eu tenho a convicção de que a prioridade do clube tem que ser acertar suas contas, arrumar a casa, conseguir pagar tudo em dia, regularizar sua vida - mesmo que isso custe algum tempo de resultados dentro de campo abaixo do que a torcida espera. Só assim o Flamengo vai resgatar sua credibilidade e a tranquilidade para todos lá dentro trabalharem, renderem o seu melhor. Só assim vai poder contratar profissionais a preço de mercado, e não oferecendo salários três vezes maiores para que eles se conformem com a possibilidade de receber a cada dois ou três meses. E só com isso o clube vai voltar a realmente ser vencedor - e não só passar perto, mostrar irregularidade em momentos trágicos, falhar sempre nas horas decisivas, e ir acumulando dívidas junto com esses insucessos.

E tinha a certeza de que Adriano não chegaria de graça. Nem baratinho. Não tem jeito: o cara vai custar caro.

Mas, se arrumaram um jeito do Flamengo não pagar a conta - então tá, né? Já ouvimos esse tipo de história antes e o clube está pagando por esses jogadores grátis até hoje (e Kléber Leite ainda andou citando em entrevista por aí os casos deles como exemplos de como fazer grandes contratações de maneira "criativa").  Mas vamos tentar acreditar que desta vez é isso aí mesmo. E, por agora, pra não ser totalmente estraga-prazeres, pensar só no que Adriano poderá fazer em campo pelo seu time de coração. Pelo menos enquanto não divulgam mais detalhes dos contratos que estão fechando para que o Imperador chegue à Gávea.


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Depois de ontem, acho que não é preciso nem dizer o quanto ter alguém que saiba fazer gols vai ajudar esse time do Flamengo. E Adriano mostrou ano passado, no São Paulo, o impacto que pode ter no futebol brasileiro. Em campo, ele poderá sim fazer a diferença e trazer muitas vitórias para o time. Uma bomba daquelas que ele sabe soltar pode resolver uma partida a qualquer momento. Fora o aspecto psicológico da coisa - todo mundo que for enfrentar o Flamengo vai ficar pensando em fórmulas mirabolantes pra parar o cara. Mesmo que alguns dos que lá estão agora saiam no meio do ano pra reduzir a folha - como Léo Moura, Íbson, Juan... -, a simples presença de um Adriano jogando o que jogou no São Paulo ano passado pode colocar o Flamengo como concorrente ao topo da tabela no Brasileiro.

Mas o tal impacto no São Paulo durou pouco. Começou meio tarde - o início dele por lá foi ruim e levantou várias dúvidas sobre o acerto do investimento - e acabou rápido, com sua volta à Itália. E, na Itália, ele simplesmente foi se apagando de novo, voltando ao que era antes.

Bastará a volta ao seu habitat natural para que Adriano consiga voltar a jogar com consistência, por um período mais longo? Ou será que o ambiente festivo da Gávea vai é fazê-lo relaxar ainda mais de suas obrigações profissionais?

Sinceramente, só vendo.


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E, claro, é bom lembrar que ninguém viu ele ainda de camisa do Flamengo, entrando em campo. Como já se viu de tudo no mundo do futebol...

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