A tragédia nossa de cada dia

Carnaval é uma vez por ano só. Por isso, ganhou minha preferência e eu, graças a Deus, não vi o desastre de ontem no Maracanã. Mas soube do resultado ainda no meio do Bloco dos Barbas e fiquei realmente curioso pra saber o que tinha acontecido. Peder pro Resende já é bizarro; mas perder tomando 3 gols, já vira algo de outro mundo. Alguma coisa de estranha tinha que ter acontecido.

Assim, comprei hoje de manhã o Lance, a caminho do ensaio do bloco em que cantarei na terça-feira (Sufridus de Copacabana, 14h, Praça Cardeal Arcoverde - apareçam!), pra entender o que diabos tinha acontecido. E o mais impressionante é que as piores coisas que li sobre o Flamengo não foram os relatos sobre o jogo - e sim a última matéria da série especial que o jornal fez sobre a crise financeira na Gávea.

No meio de um monte de números apocalípticos, dando conta de que o Flamengo tem mais de 70 milhões a pagar em 2009 relativos a dívidas do ano passado (como os empréstimos de Íbson e Jônatas, o passe de Fierro, adiantamentos diversos e cerca de 15 milhões em impostos não pagos), o gráfico principal foi o que mais me impressionou. Ele mostrava que, hoje, 65% das rendas de cada jogo do Flamengo vão direto para credores - Petkovic, a empresa de segurança PSP, o consórcio Flamengo Plaza (que ia construir o shopping na Gávea, adiantou dinheiro pra comprar Edmundo e agora está sendo ressarcido - coisas da primeira gestão Kléber Leite), os 15% que vão para o TRT para dívidas trabalhistas diversas. 

E, além desses, um acordo impressionante: o Flamengo pegou adiantados R$10 milhões da Ingresso Fácil, que cuida dos ingressos nos jogos em que o clube tem o mando de campo. Para pagar a dívida, 20% da bilheteria de todas as partidas do Flamengo até 2014 irão direto para a empresa - se isso não completar os R$10 milhões até lá, aí o clube deve pagar o restante. 

2014!


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Reparem que, além desses 65% que vão direto pro pagamento de dívidas, há ainda os descontos tradicionais do Maracanã - Suderj, escoteiros, cronistas esportivos e por aí vai. Ou seja: é pouco, muito pouco, o que pinga nos cofres do Flamengo a cada partida, mesmo que o Maracanã esteja lotado.

Não jogar a final da Taça Guanabara, afinal de contas, será uma tragédia apenas esportiva. Em termos de grana, pro fluxo de caixa imediato do clube, não vai fazer muita diferença.

Não que isso sirva pra animar alguém.

2 comentários:

Anônimo disse...

O resgate financeiro do Flamengo passa por dispensar jogadores caros e inúteis. O primeiro a zarpar deve ser o petroleiro Obina: grande, gordo e ruim. Ruim não, péssimo.
Outra mala que deve ir de bagagem é o Zé Roberto. Outros: Maxi, Kleberson e esse menino Thiago Sales.

Marcos Monnerat disse...

Jônatas, Íbson, Bruno, Juan, Leo Moura, Josiel, Fierro e seja lá mais quem o Fla paga rios de dinheiro e vivem dando vexame no Maracanã.