Deixem ele em paz

E eis que o Brasil venceu ontem, de maneira até convincente - num momento em que "a imprensa" colocava Dunga sob a sombra de Felipão. Mais ou menos como aconteceu no fim de 2008, com Portugal (e com a sombra de Muricy).

Me dei conta de algo, assistindo ao Sportv ontem de manhã. Exibiram a coletiva de Dunga do dia anterior, em que ele comentava sobre a tal ameaça que Scolari poderia representar ao seu cargo. Depois disso, alguém no programa comentou que o técnico estava bem humorado, o que era ótimo - "a opinião pública tem essa rejeição ao Dunga justamente por causa das patadas que ele costuma dar nas coletivas".

"A opinião pública" rejeita Dunga por causa das patadas nas coletivas? Ou será que é a imprensa quem o rejeita por conta deste tipo de coisa? E, nisso, faz sua campanha e acaba influenciando a tal opinião pública, contra o cara?

Veja bem: eu não acho que Dunga deveria ser o técnico da Seleção. Ele simplesmente não tem currículo pra isso, e este deveria ser um cargo a ser alcançado por merecimento - na minha modesta opinião.

Mas, pensando bem - esse tipo de coisa não é incomum. A Alemanha foi campeã do Mundo em 90 com Beckembauer, que nunca havia sido treinador antes. Na última Copa, seu técnico era Klinsmann, outro estreante; na Holanda, de futebol elogiado, o comandante também era o "verde" Van Basten. Até no Flamengo - o título mundial de 81 veio com Carpeggiani, recém-aposentado como jogador. Portanto, esta simples inexperiência de Dunga não é o suficiente pra toda a campanha movida contra ele.

É claro que eu discordo de convocações e escalações dele, não gostei de várias atuações, alguns resultados foram ruins. Mas, no duro, não é nada de muito diferente de todo mundo que passou pela Seleção fora de época de Copa do Mundo. Felipão, por exemplo, a sombra que paira sobre Dunga, colocou Luisão no comando de ataque e conseguiu ser eliminado por Honduras na Copa América. Luxemburgo, outro técnico de experiência inegável para fazer o trabalho, também tinha suas manias na hora de convocar e teve sua coleção de fracassos.

Então, é isso aí. Como falei, por mim o técnico não seria ele. Mas ficar caindo na pilha de jornalistas incomodados com o jeito do cara lidar com eles não é lá muito saudável. Seria bom que pensassem num substituto pra ele só quando seus resultados realmente pedirem isso.