Ninguém nunca levou a sério a chance da Rede TV ganhar a disputa. Dá pra levar a sério agora?
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No dia em que o Clube dos 13 anunciaria o vencedor de sua licitação para a venda dos direitos de transmissão do Brasileiro pela TV aberta, veio de manhã uma surpresa: a Record anunciou que estava fora e não apresentaria proposta. E, nessa, a licitação perdeu de vez sua função.
A ideia era que uma proposta impressionante, com números realmente altos, pudesse pressionar os clubes dissidentes a aceitarem o acordo coletivo. Sem a Record, esta proposta não veio e a Rede TV saiu "vencedora" praticamente pelo valor mínimo previsto na licitiação. Ou seja: nenhum número novo foi posto na mesa. A Record afirma que seguirá tentando conseguir a transmissão através da negociação individual com os clubes, mas o que parece mesmo é que sentiu que abrir sua proposta agora só serviria para, em um jogo de cartas marcadas, fazer com que os clubes consigam arrancar um pouco mais da Globo.
A Rede TV fez lá sua comemoração da vitória, mas já avisou que só pagará os R$500 milhões por ano se todos os clubes assinarem - o que, já sabemos, não vai acontecer. Juca Kfouri, que parece ser o único analista de mais peso a ainda dar alguma chance de sucesso para o Clube dos 13 em toda essa história, fala em uma possível disputa judicial que, quem sabe, possa fazer com que a Rede TV consiga ao menos fazer com que a Globo entre em negociação com ela. Se conseguem levantar tanto dinheiro assim, pode até ser possível - melhor pra Globo entrar numa composição com eles do que com a Record, um rival mais complicado.
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À tarde, Maurício Assumpção, presidente do Botafogo, falou ao vivo na ESPN Brasil sobre o assunto, respondendo perguntas de Mauro Cézar Pereira e Paulo Vinícius Coelho. Não assisti mas, pelo que li de comentários no Twitter, não convenceu.
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Ao que parece, teremos mesmo uma sequência de negociações fragmentadas entre Globo e, ao menos, a grande maioria dos clubes. A luta será pela redivisão das fatias do bolo, só que na base do cada um por si, sem acordo coletivo, em um jogo de blefes de todos os cantos. Se for assim, não é bom pra ninguém.
Como rubro-negro, eu poderia achar que o Flamengo só tem a ganhar com isso, pois é dos que tem mais armas para brigar por um quinhão maior. Mas, para o futebol como um todo, isso é péssimo. Nosso mercado seria mais maduro se conseguisse que todos sentassem e definissem regras claras e lógicas para esta divisão, como acontece em países europeus, garantindo um mínimo razoável para todos (na Inglaterra, 50% é dividido igualmente entre todo mundo; na Itália, são 40%) e critérios claros, econômicos e esportivos, para a divisão do restante do valor. Por lá, são ligas que fazem as negociações; por aqui, ainda mais com o fim do Clube dos 13, o que rola é a lei da selva, o que atrapalha o desenvolvimento do mercado como um todo e dificulta que a gente tenha campeonatos melhores no Brasil. Vamos ver a situação que vai sobrar ao fim deste processo.
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