Mesmo com superávit, dívida de curto prazo do Flamengo aumentou em R$73 milhões

Flamengo tem que pagar até o fim do ano em compromissos anteriores 75% a mais que toda a sua receita de 2010



* * * * * * * * * *

A dívida de curto prazo aumentou monstruosamente, de R$151 milhões para R$224 milhões, que devem ser pagos até o fim de 2011. Olhando para receitas e despesas apenas de 2010, o Flamengo até teve um superávit de R$9,1 milhões. Mesmo assim, houve este enorme aumento da dívida. O que explica isso?

O Flamengo já entrou 2010 com uma enorme dívida de curto prazo, maior do que o total de suas receitas. Pra seguir com a vida, pagando os credores que batem à porta e também os compromissos do próprio ano, é preciso adiantar receitas (foram pegos R$12,4 milhões com a Olympikus, por exemplo) e pegar novos empréstimos, em condições cada vez piores. Assim, houve um aumento de R$20 milhões de 2009 para 2010 nas dívidas referentes a empréstimos bancários (que hoje são de R$44 milhões – quase R$8 milhões com o BMG, atual patrocinador, e quase R$34 milhões apenas com o Banco Industrial). E desta forma o clube vai se comprometendo a pagar cada vez mais juros - em 2010, foram quase R$25 milhões
de “despesas financeiras” (contra R$21 milhões de 2009).

É como a bola de neve vai crescendo. Pra interromper este ciclo (que se agravou em 2010), é preciso sentar para renegociar esta dívida de curto prazo, parcelando seu pagamento e separando parte do orçamento para dar conta destas parcelas. Em minha opinião de leigo, o uso mais urgente deste enorme adiantamento que o clube deve receber da TV este ano seria justamente para ajudar a resolver esta situação.

Houve ainda um aumento de R$18 milhões em impostos a recolher (a dívida total deste tipo é de R$52 milhões, que não estão incluídos na Timemania e impedem o Flamengo de receber qualquer auxílio estatal – um aumento de R$18 milhões em relação a 2009, o que coloca em cheque o discurso de Patrícia Amorim de que vinha pagando em dia todos os impostos), de R$25 milhões em contas a pagar (difíceis de determinar apenas olhando o balanço, mas incluem coisas como R$11,6 milhões de direitos de iamgem) e de R$14 milhões em "credores diversos", entre outras. Ainda se deve R$14,5 milhões aos funcionários
de rescisões contratuais, salários, férias e 13º, entre outros. Em 2009, a relação da dívida imediata com a receita anual do clube era de 1,25; agora, é de 1,75. É bom dizer ainda que, de 2008 para 2009, esta dívida de curto prazo havia aumentado em apenas R$2 milhões.


* * * * * * * * * *

A dívida com a Ingresso Fácil, que prende o clube a um péssimo serviço de venda de ingressos – algo que compromete uma de suas principais fontes de receita, as bilheterias dos jogos – foi reclassificada, de “empréstimo” para “receita a realizar”. De qualquer forma, é bom saber que caminhou-se para resolver a questão: no fim de 2009, a dívida era de R$12 milhões; agora, caiu para R$6,5 milhões.


* * * * * * * * * *


A dívida de longo prazo também aumentou muito, em R$40 milhões. Passou a existir uma parcela grande desta dívida que não tem a ver com a Timemania: são R$22 milhões em contas a pagar e R$29 milhões em “receitas diferidas” – que nada mais são do que adiantamentos que o Flamengo fez do que deveria receber mais pra frente de alguns de seus contratos, para conseguir pagar seus compromissos imediatos. Ou seja: é dinheiro a menos que passará pelo caixa do clube nos próximos anos. E, se isso está lançado no passivo não
circulante, estamos falando de adiantamentos feitos no ano passado de receitas de 2012 pra frente.

No fim de 2009, se o Flamengo vendesse tudo o que tem, ainda ficaria devendo R$79 milhões. A situação piorou: no fim de 2010, o passivo a descoberto era de R$100,7 milhões.

Um comentário:

vicente disse...

Respeito a bela história que o clube tem em esportes olímpicos,mas não dá para injetar tanto dinheiro numa área em que não vamos ter retorno.

Sobre o outro post,é triste ver nossas receitas de licenciamento e sociais.Definitivamente,nossa diretoria não sabe explorar o potencial de nossa torcida.